sábado, 26 de julho de 2014

retalho de bolso

roubada de mim, não como naqueles casos de televisão
levada à força, saboreava-a ainda
sem sequer esperar terminar o teu doce
fostes longe, longe, longe.. nge
o que restou foi o pedaço de tuas dobras, recortes e tintas

acesa ainda em mim, a inocência, a eloquência desta efêmera
sonhos e pesadelos eternos que pareceriam durar mais
antigos infinitos, presentes e pautados...
agora longe da ilha, onde ficaram as boas lembranças, estou a navegar
com essa nova casca, este novo casco, este novo mar...

martírio adulto, teimoso infanto - EU
eu marujo de mares revoltos nos baldes,
eu cozinheiro de terra e plantas rasteiras
eu alquimista de qualquer porção magica
me transformei sapo, me pus templário, me encontrei perdido...

E como findam toda e qualquer infância: fui astronauta.
Em negociação com o tempo jamais permitiria levarem o (tao)meu,
direito de visitar as estrelas, ver os espaços, debruçar-me sobre os planetas,
brincar nos mistérios da lua, aconchegar-me em prantos no sol quente...

Escondi este pedaço debaixo das roupas sujas, no bolso com as gudes arranhadas
...talvez por descuido, talvez por bondade...
a vida deixou-me este retalho do tempo, no qual posso ser astronauta novamente
não uso mais o meu distintivo espacial,
prefiro usurpar a gravidade e levitar sobre as realidades que me rondam,
visitar os universos paralelos, as margens siderais, as constelações pessoais,
até mesmo as luas carnais...
Desdobro-me neste plano ou seja lá em qualquer outro canto, vagueando sobre os pesados gravitados que não roubaram seus retalhos .