domingo, 27 de dezembro de 2015
eu sou
metamorfo
domingo, 13 de dezembro de 2015
auê
Agora como estou é assim: com fome de escrita, cheio de ideias e sem um meio de evacua-las plenamente. Na dúvida do que fazer, me concentro nesse murmurinho, nessa fila de assuntos que brigam entre si pela oportunidade de ser atendida.
onde
quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
gobelet
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
à mim
Hoje, passado que será, deposito em ti a crença de alguns sonhos, me entristeço de passar esse fardo à diante, embora talvez tivesse que ser assim, talvez tivesse que haver uma carta e uma sucessão de portadores e leitores dela, mas enfim.
Em algum momento oportuno espero que esta que escrevo lhes seja cara e te lembre dentre toda a infinidade de coisas novas daí do futuro, inclusive as recordações nostalgicas dentre as quais não sei se farei parte ou ficarei esquecido aqui no fundo.
O sonho ainda vive. Encontra-te, encontre-me e viva.
Não morri, mas sei que o peso do céu hoje é nublado, e o sol vai sair já já. Pode durar algumas horas, podem levar aguns dias, ou meses, ou semestres, ou anos, entretanto chegará. E quando fizer-se chegar o momento, você estará aí em alguma dimensão dinamicamente acertada para a concretização das aspirações, chegará.
De qualquer forma ponho aqui o desejo de vir à tona e propor um desfeche de mim, a conclusão deste fragmento que faço agora, apesar de que pela janela não vejo ainda se sou sujeito ou objeto disso tudo que passa neste quarto de mundo.
Temia que as conjunções verbais mudassem, as linguas morressem, as tramas soltassem, mas não. Não temo, eu vós entrego e como quem ora à uma divindade, permito que haja, não em fuga, não em ópio, mas em fé, em esperança, que não morreu, nem morrerá...
Não se sinta mal ou pressionado a cumprir, mas passe a carta com a mesma fé que a escrevo e vos entrego. Me despeço por aqui, e aguardo a visita que espero resignado em cada momento que vou perdendo a cor e me torno passado, pretérito, empoeirado em um espaço de uma estante acessível só àqueles que são permitidos.
Um abraço um pouco estranho, mas muito familiar,
eu.
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
bem-(v)indo
E por mais que as cruzes estejam pregadas na sala de (não)estar, não importa, eu vou sobreviver, são as mesmas da rua, eu já as vi. Não caio, não me acanho e se faço, me reergo, tenho raízes pra me manter vivo.
Quem me encontra na rua, não sabe. Eu ando na rua e vocês não sabem. Vocês me poem na rua e não sabem, mas eu.. Eu? Eu caminho em frente, cada passo. Às vezes me disfarço pra sobreviver. Peito forte eu tenho, já disse, não vou morrer assim fácil, como o medo insiste dizer. Não, não vou.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
volta
Fora do paraíso
Não há gente na casa
Há mais alguem por aqui
Há quem vai partir em breve
Há medo da chuva parar lá fora
De chover aqui dentro
De molhar mais uma vez
O ar já esta úmido
A partida
Eu partido
Fração de dor
Fragmentado nos cômodos
E quem abrir a porta talvez não entre
Mas não a tranco
E se faço, você já sabe
A chave tá de baixo do tapete
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
mel bem
sorrindo me derreto nessa brisa que eu já conheço de onde vem
e de forma orgástica me deleito inconsequente
deitado nesse vão de incertezas
sem pensar em nada eu vou topando
e de olhos bem abertos, vou fechando com sua voz de algodão,
mel levo
e pra quem nao
eu sim
sábado, 3 de outubro de 2015
´´
quem-tinta, me, pinta, vera-me, me, só-me, sem sumir, ó-aqui, ó-me
Fico paralisado, duro. Se trinco, inundo.
E do que há guardado em mim: de sentimentos à um grito, talvez um dia nunca saiba. Talvez nem eu mesmo queira te mostrar.
fluxo
É na fila da loja, no posto de gasolina, alguém que foi buscar uma carteira de cigarro para nunca mais.
Há quem fume e morra em casa, há quem não fume e morra a cada dia...
dentre todos os movimentos, nesta manhã me deparou com os contrastes do amor, os dois pólos, da vida à morte.
Falo do canto da vida física, limitada, talvez, mas falo de onde estamos, na carne, na terra, matéria.
Assim como a moça que foi na mercearia e não voltou, ou como o ônibus que foi e voltou, ou aquilo que partiu e nos deixou, apenas há incerteza...
O tráfego do cotidiano, o trafego da atipicidade que forma esse caos organizado, dedilhado, onde cada um carrega o seu fluxo e interpassa por outros numa cavidade cardíaca. Não voltar é caminho, morrer também é vida.
segunda-feira, 20 de abril de 2015
12:05
ganhei um relógio
cinco horas da manhã
levanto
espio o ponteiro
espio o sol
que ponto cheguei?
sentado na cama
5 horas da manhã
a cama ainda bagunçada
árduo tic tac
tiroteio de segundos
me derrubou novamente na cama
levanto
doze horas
meu presente
meio-dia
um crash
ponteiros libertos
mais meio-dia
outra metade
eu-inteiro
amor(te)
domingo, 19 de abril de 2015
sensi
deus que me abençoe
eu ando roubando cenas
plagiador dos quadros da vida
falsifico essa luz
são essas luzes que guardo
não é crime, eu acho
e se for heresia
Deus que me perdoe
eu já tô preso
e se tiver piedade
Deus que me solte
nesta prisão subverto
guardo os olhares
deus que me prenda
o tempo corre, como eu
e se puder, roubarei as grades
para ver tudo o que puder
e verei a liberdade
que se esconde no horizonte
no horizonte
lá longe
domingo, 1 de março de 2015
simbolismo do amor
Em cada gesto não se esconde, como dizem
Singularmente um gesto transborda amor
Embalsamar os lábios enamorados é missão dos símbolos mais genuínos e individuais
O que proporciona tontura ou reflete tolice à outrem, traduz a falta de sensibilidade
O analfabeto sensível que não sabe desvendar os enigmáticos do sentimento
Não é necessário o estudo acadêmico, visto que amor é horizontal, vertical são os seus antônimos
À todos esta disposto o teu encanto, contudo os despercebidos deixam com que passe como gravura da paisagem
Enquanto é o núcleo do quadro, o porto e o barco. É o mar.
Se dentro da simplicidade vivessem os altivos da paixão, estaríamos embriagados sem destino, encantados simplesmente
A candura do toque, afagos de alma, o navegar sem rumo, as poesias tortas, o brilho nos olhos, o deslumbre.
O amor e o mar.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Tentativa
Calei me inconformado com o que ouvia
Dentre os surdos, tive que me fazer mudo
Não por dever, mas por preservação pessoal
Poupar me de algo inútil-
Conclusão empírica, sem dúvida
Os escárnios e escarceis absurdos
Envolviam a galhofa regada a ignorância
A estupidez, estava alí
O cheiro de estragado estava ali
A babaquice condensada em gargalhadas intragáveis
Me enjoou
Me enoja
Me enjoara
Destilei meu asco em versos para não vomitar com esse prato cheio de nada
Que a mim foi empurrado goela abaixo
Eu não o permiti
Me foi indigesto
Mesmo assim peço licença
À pobreza de muito
Preciso me retirar, as náuseas me tomaram e preciso dormir