quarta-feira, 28 de outubro de 2015

bem-(v)indo

Eu olho pro tapete, pra porta de entrada e hesito, sem medo,  só para dar uma respirada e de peito duro entro forte, como sou. Forte não por mim, tenho fé, tenho axé.
E por mais que as cruzes estejam pregadas na sala de (não)estar, não importa, eu vou sobreviver, são as mesmas da rua, eu já as vi. Não caio, não me acanho e se faço, me reergo, tenho raízes pra me manter vivo.
Quem me encontra na rua, não sabe. Eu ando na rua e vocês não sabem. Vocês me poem na rua e não sabem, mas eu.. Eu? Eu caminho em frente, cada passo. Às vezes me disfarço pra sobreviver. Peito forte eu tenho, já disse, não vou morrer assim fácil, como o medo insiste dizer. Não, não vou.



quarta-feira, 14 de outubro de 2015

volta

De volta à casa
Fora do paraíso
Não há gente na casa
Há mais alguem por aqui
Há quem vai partir em breve
Há medo da chuva parar lá fora
De chover aqui dentro
De molhar mais uma vez
O ar já esta úmido
A partida
Eu partido
Fração de dor
Fragmentado nos cômodos
E quem abrir a porta talvez não entre
Mas não a tranco
E se faço, você já sabe
A chave tá de baixo do tapete




quarta-feira, 7 de outubro de 2015

mel bem

um sopro quente ao meu redor, me amoleco abro a guarda fechada
sorrindo me derreto nessa brisa que eu já conheço de onde vem
e de forma orgástica me deleito inconsequente
deitado nesse vão de incertezas
sem pensar em nada eu vou topando
e de olhos bem abertos, vou fechando com sua voz de algodão,
mel levo
e pra quem nao
eu sim

sábado, 3 de outubro de 2015

´´

verá-o, vê quem quer, verá-si,
quem-tinta, me, pinta, vera-me, me, só-me, sem sumir, ó-aqui, ó-me
Ao mesmo tempo que posso explicar e justificar todas as suas acusações e falsos pensamentos, eu tenho preguiça. É uma mistura da minha vontade de fugir e não crer no que ouvi com um choro guardado no peito.
Fico paralisado, duro. Se trinco, inundo.
E do que há guardado em mim: de sentimentos à um grito, talvez um dia nunca saiba. Talvez nem eu mesmo queira te mostrar.

fluxo

Tem gente no hospital, tem gente na rua, tem gente na praça, tem gente que vai, tem gente que não volta.
É na fila da loja, no posto de gasolina, alguém que foi buscar uma carteira de cigarro para nunca mais.
Há quem fume e morra em casa, há quem não fume e morra a cada dia...
 dentre todos os movimentos, nesta manhã me deparou com os contrastes do amor, os dois pólos, da vida  à morte.
Falo do canto da vida física, limitada, talvez, mas falo de onde estamos, na carne, na terra, matéria.

Assim como a moça que foi na mercearia e não voltou, ou como o ônibus que foi e voltou, ou aquilo que partiu e nos deixou, apenas há incerteza...
O tráfego do cotidiano, o trafego da atipicidade que forma esse caos organizado, dedilhado, onde cada um carrega o seu fluxo e interpassa por outros numa cavidade cardíaca. Não voltar é caminho, morrer também é vida.

Repare bem no que eu não digo.
Lembre-se que o silencio também é musica.
Posso estar andando ao teu lado e o amor me declamar sobre as pedras portuguesas
Ou talvez, possa ser que no caminho da rua o baile pare e eu espere você vir me buscar.
Atente.